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Tivt'cato

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jaimedeandruart's avatar
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Curioso, eu olhei pra vasta profundeza
Dos olhos de universos amplos, paralelos,
       Olhos belos,
E neles eu perdi-me de certeza:

E eis que um mago de túnica larga, barbudo,
No outro lado daqueles sidéreos salões
       De dragões,
Falava por silêncio triste e mudo,

Falava com seus ermos e parados gestos,
Uma perfeita estátua de sabedoria
       Que eu sentia
Ser de primevo mundo meros restos...

E uma multidão pífia em volta dele estava,
De aleatórios rostos, rostos que me esqueço
       Pelo apreço
De recordar-me de algo que voava:

Passando entre as cabeças de dragões de pedra,
Um dragão branco com asas abertas
Ventou sobre a minha cabeça...
Não sei d'onde viera quimera tão fera,
Mas, ao partir pras estrelas desertas,
Com asas geladas abertas,
Deixou-me na Terra... Que nela eu pereça!

Se o velho viu a Luz Dracônica eu não sei,
Não sei se o velho viu aquela luz suprema
       Que um poema
Não pode descrever sem impor lei,

Mas ele olhou-me, cego, como nunca fez,
E disse umas palavras, que não sei de fato:
       Tivt'cato.
E tivt'cato eu ouvi mais uma vez.

Por duas vezes disse, me encarando sério,
E eu não pude entender o motivo, a razão,
       Pra emoção
Lhe tomar em tão místico mistério...

O velho então sorriu, e em seu sorriso eu vi
Sinceridade e um mínimo de condolência
       Por ciência,
Penso eu, de saber o que eu senti.

Avermelhou-se então o salão completamente
E o frio passou, dando forma ao calor
Das asas da fênix carmim...
Não sei d'onde viera quimera tão fera,
Mas, ao partir indo rumo ao palor
Do draconiano esplendor,
Sumiu nas estrelas, passando por mim...

Eu então retornei da vasta profundeza
Dos olhos de universos amplos, paralelos,
       Olhos belos,
Admirado com tão vivaz empresa,

E uma palavra apenas pude recordar
Dentre tudo o que vi nos olhos do universo...
       Ponho em verso
Tal palavra de mágico soar:

       Tivt'cato.
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Yarghu's avatar
poesia fantástica